Retirar a fralda: quando e como?

Uma das grandes questões dos pais é quando retirar a fralda e, não parecendo inicialmente algo muito importante, segundo os especialistas, é relevante; “os conselhos para ensinar o controlo dos esfíncteres à criança são muito importantes. Este deve iniciar-se após os 18 meses, entre os 18 meses e os 4 anos, inicialmente com o controlo das evacuações e, depois, com o controlo do esfíncter vesical diurno e noturno”, referiu o Dr. Venancio Martínez, pediatra do Servicio de Salud del Principado de Asturias e professor de medicina na Universidade de Oviedo.

Por outras palavras, entre os 18 meses e os 4 anos, a fralda deve ser retirada, primeiro durante o dia e, depois, à noite; é aqui que os pais devem fazer um esforço para alcançar o objetivo: que a criança tenha um controlo de esfíncteres diurno e noturno adequado à sua idade.

Assim, após os 5 anos, nenhuma criança deve apresentar fugas de dia ou molhar a cama de noite, pois nessa idade já está fisiologicamente preparada para o evitar; “até aos 5 anos, tal implica um controlo fraco dos esfíncteres e é uma questão fisiológica, mas podemos intervir sobre ela, acelerando a maturação e o controlo a partir dos 18 meses”, indicou o perito.

Quando posso começar a retirar a fralda?

É evidente que é em casa que devem ser tomadas medidas para que a criança aprenda a controlar voluntariamente os seus esfíncteres.

Enquanto usar fralda, é necessário manter uma higiene genital e anal adequada, especialmente durante o período de dentição e deixar a criança sem fraldas durante algum tempo após o banho, por exemplo.

Normalmente, aproveitando os meses mais quentes, começa-se a retirar a fralda durante o dia e a usar o bacio; deixe-a escolher aquele de que mais gosta e com o qual se sente mais confortável. Durante este tempo devemos perguntar-lhe frequentemente se tem de fazer chichi ou cocó.

Quando tiver controlado os esfíncteres durante o dia, começamos a retirar a fralda durante o sono, pelo que devemos evitar jantares abundantes e salgados, bem como a ingestão excessiva de líquidos à noite (é melhor repartir esta ingestão pelo resto do dia e, à noite, não deve beber mais de 200 ml de líquido, incluindo água, sopas, leite, sumo, etc.).

Para o infantário sem fralda?

Atualmente, é comum encontrar creches, jardins de infância e escolas que exigem, para a inclusão da criança na etapa escolar, que não use fralda, sendo uma intervenção que dá muito bons resultados. De certa forma, estimula a maturidade da criança e ajuda os pais a intervir para conseguir controlar as evacuações e micção involuntária da criança.

A escola desempenha, assim, um papel importante para a criança que, apesar de ter tentado a retirada das fraldas e o controlo dos esfíncteres, ainda não o conseguiu. As exigências por parte das escolas e das creches não têm o mesmo objetivo que as feitas pelas famílias, enfermeiras ou pediatras, mas têm uma clara influência no resultado final e, ao fim e ao cabo, são resultados que procuramos.

Como retirar a fralda?

Tal como indica o perito, “existe uma série de recomendações que devem ser feitas rotineiramente nas consultas da criança saudável, para evitar que chegue aos 5 anos a molhar a cama“.

O controlo correto dos esfíncteres envolve hábitos corretos miccionais, pelo que devemos assegurar que a criança adota uma postura apropriada durante a micção, que não corta o fluxo ou nem faça força – ou seja, que a micção seja completa e relaxada – e que urine frequentemente para que não tenha fugas, entre 4 a 8 vezes ao dia, como recomendado pelos especialistas.

Os pediatras devem aconselhar relativamente ao treino do controlo dos esfíncteres tanto as famílias como diretamente a criança, a partir dos 3 anos, com uma solução inicial de motivação e aconselhamento.

Isto contribuirá para que a criança tenha o controlo total durante o dia e que, de noite, acorde quando sinta a bexiga cheia para urinar.

Continua a molhar a cama, o que devo fazer?

Se, após os 5 anos, a criança molhar a cama, podemos estar perante um caso de enurese noturna. A definição aceite pela maioria da comunidade pediátrica daquilo que é a enurese em crianças diz que:“quando com  5 ou mais anos molha a cama durante o sono pelo menos duas vezes por mês” e, nesta altura, o mais importante a fazer é consultar um pediatra.

“A enurese deve ser diagnosticada aos 5 anos e o pediatra deve perguntar, ao longo dos anos anteriores, como evolui o controlo dos esfíncteres da criança e, a partir dos 5 anos, deve intervir”. Além disso, o Dr. Venancio Martínez comenta que “a enurese não controlada tem complicações e, se for gerida a tempo e da forma correctas, no momento certo, na idade em que a criança pode ser diagnosticada com enurese, estas complicações não aparecem ou não estão suficientemente consolidadas, é mais fácil intervir sobre elas porque não existem, simplesmente resolvemos a enurese e impedimos o seu aparecimento e consolidação”, assegura o pediatra.

A enurese é uma perturbação com um impacto muito negativo na vida da criança e da sua família. Esta questão é importante porque “ainda encontramos algumas famílias onde crianças com enurese são castigadas com medidas punitivas e uma coisa que deve ficar muito clara é que são ineficazes em todos os casos. Para uma criança com um problema como é urinar na cama durante a noite, de forma involuntária, os castigos criam outro problema. É muito importante transmitir isto às famílias”, conclui.

O conteúdo deste material é da autoria do Profissional de Saúde, refletindo a sua perspetiva clínica e/ou trabalhos seus não publicados.

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