Dia mundial da enurese noturna
Dia mundial da enurese noturna: a moderada (3 a 6 noites/semana) ou grave (diária) dificilmente serão resolvidas sem ajuda
Tal como em cada última terça-feira de maio, no dia 30 de maio, celebra-se o Dia mundial da enurese noturna.
Desde 2015, diversas sociedades médicas internacionais decidiram dedicar este dia à sensibilização para esta perturbação que pode ser “um alimentador bidirecional do bullying escolar”. Pode acontecer que uma criança que tinha controlo dos esfíncteres, com o impacto emocional do bullying, comece a molhar a cama; por outro lado, um dos maiores receios do enurético é que se saiba que faz chichi na cama e que tal gere bullying. O importante é saber porque é que molha a cama e prevenir as consequências, assegura o Dr. Javier Quintero, responsável pelo Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital Universitário Infanta Leonor de Madrid, diretor de Psikids e especialista nas repercussões da enurese na saúde mental das crianças.
Para a criança e para a família, molhar a cama tem consequências maiores do que pode parecer à primeira vista. Um inquérito recente efetuado e publicado em Espanha e realizado pelo GRUPO DE TRABALHO IBÉRICO SOBRE ENURESE (OBGETIBE) conclui que “não há consciência de que esta condição pode tornar-se um problema de saúde grave, quer nas crianças como em adolescentes, sendo a sua importância muito maior do que a percebida pelos pediatras”.
Pediatras, pais, docentes e a sociedade em geral são confrontados com o desafio de lhe dar a importância que merece para o bem dos nossos menores. É algo que devemos ter em mente durante todo o ano, não o deixemos passar em branco.
Se falamos de enurese noturna: vamos dar-lhe a importância que merece.
A enurese noturna é “a fuga de urina durante o sono, sem que ocorra o despertar, a partir dos 5 anos e, pelo menos, uma vez por mês”, esclarece a Dra. Almudena Sánchez, pediatra do CAP Les Hortes de Barcelona. “Trata-se de um transtorno que afeta cerca de 10% das crianças com mais de 5 anos e aproximadamente 5% das crianças com 10 anos. Na adolescência, a incidência é de 3% e na idade adulta em cerca de 1 a 2% da população”. O problema surge quando não lhe é dada a devida atenção.
O estudo de OBGETIBE – um inquérito online com 25 perguntas a pais e mães maiores de 18 anos com filhos entre os 5 e os 13 anos – teve como objetivo recolher informações sobre a população espanhola com base nos dados do INE de junho de 2020, com uma representação de +/- 5%.
O que os especialistas queriam saber era a verdadeira atitude e perceção da população em relação à doença e os resultados são muito esclarecedores: não lhe damos a importância que merece, tendo em conta as consequências para a criança.
De acordo com as respostas dos participantes no estudo, nem o pediatra (39,9%) nem o enfermeiro (44,5%) teriam mencionado a doença durante as consultas. De facto, “apenas 16,6% afirmaram categoricamente que tinham ouvido o pediatra falar de enurese noturna, percentagem que se reduziu a 9,6% no caso dos enfermeiros”; estaremos então a minimizar o problema? Temos consciência daquilo que sofrem algumas das crianças com este problema?
Como afeta da enurese noturna?
Os especialistas associam a enurese noturna a “situações de ansiedade crónica, problemas de autoestima e atraso na esfera social“(1). Fazer chichi na cama também afeta o desempenho escolar, dado que o enurético não descansa o suficiente.
Os pais inquiridos com filhos enuréticos indicaram que a qualidade de vida dos seus filhos é afetada de formas diferentes e em aspetos específicos; assim, enquanto a patologia não afeta a frequência escolar, a prática do desporto, as atividades escolares ou de lazer, “a maior parte dos inquiridos indicou que atividades como ir dormir a casa de familiares ou amigos (22,7%) ou para acampamentos/colónias (21,6%) foram seriamente afetadas”. O seu filho tem de renunciar a estas atividades por não ser alvo da atenção devida?
“A enurese moderada (3 a 6 noites/semana) ou grave (diária) e a que persiste para além dos 9 anos dificilmente se resolverão sem a procura de uma solução. Embora a prevalência diminua com a idade, a frequência e a gravidade dos episódios enuréticos aumentam”(1).
Quando se trata de uma perturbação alheia à sua vontade – as causas mais frequentes de perdas de urina são o facto de a criança não acordar quando a bexiga está cheia; a sobreprodução de urina noturna, pela alteração do ciclo circadiano da hormona antidiurética (vasopressina); a predisposição genética; uma bexiga com capacidade reduzida ou a instabilidade vesical com contrações involuntárias do músculo detrusor – parece lógico consultar o pediatra e abordar o problema de forma decisiva.1
A enurese pode também ser um sintoma de doenças mais graves, tais como o transtorno por déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a síndroma da apneia obstrutiva do sono, (SAOS), diabetes, encoprese, patologia obstrutiva das vias respiratórias superiores ou obstipação.1
Os participantes indicaram que tinham conhecimento da enurese por casos positivos no seu ambiente (36,6%), pelos meios de comunicação social (31,1%) e pelo pediatra (27,8%). Por isso mesmo, no sitio chichinacama queremos fazer a nossa parte para aumentar e melhorar a consciencialização de tudo o relacionado com a enurese e, como sempre, recomendamos que, se uma criança com mais de 5 anos continuar a fazer chichi na cama, é melhor consultar o seu pediatra.
Se o seu filho tiver mais de 5 anos e molhar a cama durante a noite, este é o seu website. Visite www.chichinacama.pt e informe-se sobre a enurese noturna infantil.
Ref. 1 – Taborga Díaz E, García Nieto VM. Guía de manejo y diagnóstico terapéutico de la Enuresis Infantil. Madrid: Sociedad Española de Pediatría Extrahospitalaria y Atención Primaria; 2014. Disponível em: https://sepeap.org/manejo-y-diagnostico-terapeutico-de-la-enuresis-infantil/(Último acesso maio de 2023).
PT-PED-2300031